ORBITAR

Se você, criança, escolher este livro,
levá-lo abraçado ou numa sacola, e em casa ficar num canto sem ninguém perturbando para sentir o que está nas imagens e nas poucas palavras que as acompanham, vai mergulhar no fascinante brilho escuro do universo. Numa noite em lugar de pouca luz, esse brilho pode capturar você e dar aquela sensação de pequenino grão de areia na imensidão do mar. O mar é demais, como o universo. E diante disso nós, humanos, ficamos à mercê do medo do abandono. Mas que medo pode ser maior que a força de uma nave mãe? Que medo não se desfaz diante da força criativa de Alexandre Rampazo?
 
Se você, adulto, escolher este livro para uma criança ou para si próprio,
saiba que leva uma importante declaração de amor, na compreensão dos limites humanos e do anúncio de mistérios que envolvem a relação de um corpo dentro (ou em volta) do outro, sejam planetas, pessoas ou livros. Vamos lá, carregue esta sacola, que pode ficar muito pesada, apesar da leveza da narrativa, nos vários planos que comporta. Este artista não costuma deixar você perto de onde estava.
 
Nilma Lacerda